Planos Terapêuticos
Dependência química
Avaliação inicial
O tratamento da dependência química começa com uma boa avaliação inicial. É preciso saber se existem sequelas decorrentes do abuso de substâncias psicoativas e também se existem outras doenças psiquiátricas associadas que exigem uma abordagem específica. Nesta etapa também avaliamos o grau da dependência, o comprometimento social, ocupacional e jurídico, bem como a disfuncionalidade que a droga causou na família para planejar tratamentos e suportes institucionais para cada caso. Muitas vezes são necessários exames complementares para melhor avaliar os problemas associados à saúde causados pelas drogas, e nestes casos também solicitamos interconsultas especializadas.
Desintoxicação
Para o bom curso do tratamento devemos promover a separação do sujeito com a droga. Esta etapa é especialmente difícil porque esta estratégia geralmente produzem sintomas de abstinência que devem ser tratados farmacologicamente. Frequentemente lidamos com
estratégias de sabotagem do sujeito em relação ao tratamento, em função do surgimento de demandas irresistíveis para usar drogas. Este período exige muita atenção da família e da equipe para que não aconteçam quebras na proposta terapêutica.
Motivação
Todo tratamento exige motivação constante uma vez que as condições de adoecimento geralmente são crônicas e vão exigir um empenho persistente, corajoso e flexível por parte do sujeito que se trata e dos seus familiares, para que todos entendam que não existem processos mágicos, mas existem processos que produzem bons resultados, se os seus participantes se tornam responsáveis por eles.
Seminários informativos
Sabemos dos limites da pedagogia para os tratamentos psíquicos, mas temos um espaço reflexivo para que o sujeito diante da informação possa se beneficiar com uma apropriação do conhecimento cientifico, tornando uma base para suas reflexões sobre os riscos que o próprio sujeito produz sobre sua saúde com o uso abusivo de drogas.
Prevenção de recaída
Oferecemos um treinamento ao sujeito para que ele se torne capaz de observar em si mesmo suas repetições e os riscos de recaída no abuso de drogas, aprendendo a criar estratégias para lidar com estes riscos, uma vez que a parte mais complexa de qualquer tratamento é não voltar a usar drogas. Esse mapa de riscos deve ser bem internalizado pelo sujeito levando em consideração sua história de vida, suas atividades rotineiras e sua capacidade de síntese, e de reaplicação do aprendido em situações a serem vividas.
Mudança de hábitos de vida
Uma etapa essencial do tratamento é a mudança de hábitos de vida. Medidas a curto, médio e longo prazo devem ser pensadas e implantadas para que uma nova vida possa ter lugar. O sujeito aprenderá a inventariar suas capacidades, seus limites e sem a droga deverá aprender a resolver seus problemas sem a artificialidade da droga e com possibilidade de aferir realisticamente seus resultados, aumentando a crença em si mesmo e o respeito da sua família nas suas iniciativas.
Manutenção da sobriedade
Esta etapa do tratamento requer do sujeito um maior compromisso com a sua capacidade de expressão verbal, em atividades psicoterápicas individuais e ou em grupo, devendo ser capaz de produzir saber sobre sua experiência com as drogas e com as etapas do tratamento, tomando a abstinência estável como causa de si mesmo. Espera-se que esta manutenção da abstinência, denominada sobriedade, seja vivida como prêmio para todo esforço, como motivo para a existência.
Grupos de autoajuda
O tratamento pode se desdobrar no estabelecimento de relações extra institucionais e com o compromisso ético de ajudar outras pessoas a se beneficiar com o afastamento das drogas. Existem na cidade muitos grupos com esta função e a CEPSI recomenda que seus pacientes frequentem estes grupos de autoajuda e atuem na sua sustentação.
Construção de família parceira
Durante todo o tratamento os familiares dos sujeitos que abusam de substância psicoativa são atendidos com o intuito de serem inicialmente orientados sobre esta forma de adoecimento. Depois para reconhecerem que a dependência química produz efeitos disfuncionais na família e que é possível reeditar as relações familiares sem as drogas, e ainda que a família atuasse na observação do comportamento e dos sinais subjetivos fornecidos pelos usuários de drogas para que possam atuar preventivamente às recaídas e em parceria com a abstinência e sobriedade.
Reinserção social e laboral
A meta de todo tratamento é a capacitação do sujeito ao desenvolvimento de vínculos afetivos estáveis e ao desenvolvimento de uma autonomia baseada num trabalho produtivo e ou solidário. Para tanto a CEPSI oferece atividades sócio ocupacionais (Estimulações sensoriais e treinamento psicomotor, desenvolvimento de habilidade laboral dentro dos limites pessoais) visando expressão subjetiva, ocupação produtiva e solidaria, e construção de cidadania, baseada em oferecimento de informações e possibilidade de aprendizado, ampliação de formas de lazer sem substancia química e possibilidades de circulação pela cidade.