A evolução dos tratamentos psiquiátricos

  • 17 de outubro de 2016

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POR EULINA OLIVEIRA

Estatísticas apontam que 20% da população mundial sofre de algum transtorno psiquiátrico, incluindo casos leves e graves. Os mais freqüentes são os distúrbios de ansiedade e depressão. Os números, de acordo com os especialistas, não mudaram ao longo dos tempos.

O que mudou foi a maneira de tratar as formas mais sérias dessas doenças, que passou a ser mais humanizada. O uso combinado de psicoterapia e medicamentos substituiu os temíveis eletrochoques e neurocirurgias do passado.

A internação em hospitais psiquiátricos também passou a ser a mínima possível, privilegiando-se a convivência em sociedade. “Graças aos avanços da medicina, com a introdução de novas drogas, hoje é possível ter um controle satisfatório desses males”, afirma Luiz Alberto Hetem, professor de pós-gradução em saúde mental da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

A esquizofrenia, por exemplo, doença crônica que se caracteriza pela desorganização de diversos processos mentais e pela incapacidade do paciente em distinguir a realidade da imaginação, já não assusta mais. “Com tratamento adequado, em geral é possível levar uma vida praticamente normal”, afirma o psiquiatra Mário Louzã, coordenador do Projeto Esquizofrenia (Projesq) do Hospital das Clínicas de São Paulo.

De acordo com o especialista, medicamentos modernos, denominados antipsicóticos de segunda geração, têm ação mais ampla sobre a doença e menos efeitos colaterais. Entre as reações adversas mais comuns que foram reduzidas com as novas fórmulas estão tremores, rigidez muscular e ganho de peso.

Isso proporciona maior adesão ao tratamento, eficácia e qualidade de vida ao paciente”, explica o psiquiatra.

TRATAMENTO OU TORTURA?

Até a entrada de medicamentos específicos para problemas psiquiátricos no mercado, o que se via em termos de tratamento eram cenas de horror. De acordo com a revista Scientific American Brasil, os primeiros registros de transtornos mentais surgiram por volta do ano 1000 a.C., nos livros do Antigo Testamento.

O termo genérico empregado nesses casos era loucura, sempre com conotação de fúria e raiva. Até o século XVIII, esses problemas eram vistos como conseqüência de lesão craniana, possessões demoníacas e até abuso de vinho, e eram tidos como incuráveis. O pioneiro nos tratamentos psiquiátricos foi o médico francês Philippe Pinel (1745-1826). Ele acreditava que as doenças mentais eram resultado ou de tensões sociais e psicológicas excessivas, de causa hereditária, ou ainda originadas de acidentes físicos.

Pinel foi também o primeiro a distinguir vários tipos de psicose. Buscou ainda tratamento humanizado aos pacientes. No entanto, mesmo com todos os esforços de Pinel, os doentes mentais continuaram a enfrentar terapias cruéis nos séculos seguintes. No eletrochoque (século XIX), a eletricidade era usada para produzir contração muscular e – acreditava-se – ajudava a curar doenças emocionais e nervosas.

Também se recorria à hidroterapia, na qual o paciente era afundado na água. No século XX foi criado um dos tratamentos mais controversos da história da psiquiatria: a lobotomia. Introduzida em 1935 pelo médico português Egas Moniz, consistia em uma intervenção cirúrgica no cérebro (psicocirurgia), na qual eram seccionadas as vias que ligam as regiões pré-frontais e o tálamo (um importante centro coordenador das funções cerebrais).

fonte:

http://revistavivasaude.uol.com.br/edicoes/0/artigo34829-1.asp/