Tricotilomania: sintomas, tratamentos e causas

A síndrome da Rapunzel

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O que é Tricotilomania?

A Tricotilomania é definida pelo DSM-IV-TR como um transtorno de controle de impulsos não especificado, o que quer dizer que seus sintomas e tratamentos ainda não estão totalmente definidos, além de sinalizar especialmente a característica de impossibilidade de controle diante do impulso. Nesse caso, o impulso incontrolável é o de arrancar cabelos. É importante ressaltar que o termo cabelo, utilizado para essa definição, vem do termo hair, do inglês, que pode significar qualquer pelo. Assim, o transtorno inclui o hábito de arrancar cabelos de qualquer parte do corpo.

Tricotilomania

Como se faz o diagnóstico?

Apesar de se tratar de um transtorno não especificado, alguns critérios são propostos para diagnosticar esse transtorno:

– Comportamento recorrente de arrancar os cabelos, resultando em perda capilar perceptível; – Sensação de tensão crescente, imediatamente antes de arrancar os cabelos ou quando o indivíduo tenta resistir ao comportamento;

– Prazer, satisfação ou alívio ao arrancar os cabelos;

– O distúrbio não é mais bem explicado por outro transtorno mental nem se deve a uma condição médica geral (por exemplo, uma condição dermatológica);

– O distúrbio causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

Quais são as causas?

Entre as causas do início do comportamento de arrancar cabelos podem estar alguns fatores pessoais como o início dos ciclos menstruais na adolescência (menarca), algumas doenças clínicas, dificuldades de relacionamento social, dificuldades no trabalho ou na escola, situações familiares como divórcio, morte ou doença de um ente, nascimento de um irmão ou mudanças na dinâmica familiar, como um novo endereço.

O comportamento de arrancar cabelos está, em grande parte dos casos, associado a posturas sedentárias, aliadas a estados afetivos negativos. Entre as atividades associadas estão os hábitos de pessoas que, por exemplo, passam longos períodos assistindo televisão, deitados, ou ainda, dirigindo. É importante ressaltar que o sedentarismo é uma postura associada, mas não é considerada uma causa para a tricotilomania.

Quais são as consequências?

Além de ser causa de um sofrimento significativo, a tricotilomania tem outras consequências associadas, como àquelas decorrentes do hábito de muitos tricotilomaníacos de morder os fios, comer a raiz ou parte dos fios (tricofagia).

Em decorrência desse comportamento associado, muitos tricotilomaníacos desenvolvem a chamada “Síndrome de Rapunzel”, uma doença gastrointestinal. Além de outras doenças como erosão dental, infecções de pele etc.

É comum que pessoas com esse transtorno tentem a esconder as consequências, utilizando acessórios como chapéus, bonés, ou ainda, implantes e perucas. Além disso, há uma tendência a evitar situações em que a perda do cabelo seja exposta, como nadar, dançar e exercitar-se. Assim, como consequência mais significativa, está a questão do isolamento social.

Quais são os tratamentos?

O tratamento para Tricotilomania compreende estratégias multidisciplinares. Assim, deve-se levar em consideração a importância do acompanhamento farmacêutico, psicológico e médico.

Os tratamentos farmacêuticos mais utilizados estão descritos em estudos de caso, mas não podem ser considerados como sucesso a ser generalizado. Cada paciente encerra uma série de medidas específicas, levando em consideração os aspectos físicos e psicossociais relacionados ao hábito. Os medicamentos antidepressivos e estabilizadores de humor são os mais descritos no tratamento da Tricotilomania. Os estudos com relação aos tratamentos de tricotilomaníacos ainda são escassos. Em sua maioria trata de estudos de caso, ou experiências com grupos pequenos de pacientes, o que não permite generalizações significativas.

Alguns autores afirmam que a avaliação do transtorno juntamente ao paciente já pode ser considerada interventiva. Inúmeras técnicas psicoterápicas podem ser empregadas no tratamento, desde treinamentos de reversão do hábito, análise funcional, ou ainda, técnicas de hipnose e regressão. Além disso, uma proposta tem ganhado destaque no tratamento; é o chamado Tratamento Combinado, que combina diversas formas interventivas com vistas às especificidades do caso.

Como saber mais?

Alguns blogs brasileiros relatam o cotidiano de pessoas com Tricotilomania, como o Meu mundo com tricotilomania e Tricotilomania um dia de cada vez. Além desses relatos, é interessante recorrer aos Manuais Diagnósticos como o DSM-IV-TR e o CID-10, da Organização Mundial de Saúde.

Tricotilomania: 9 fatos que você deve conhecer

Uma doença caracterizada pelo ato de puxar os fios de cabelo. Lendo isso ou assistindo uma pessoa agir assim pode até soar estranho, mas a tricotilomania não é raridade. Mesmo assim, ainda há preconceito com quem sofre com a doença. Mas o melhor remédio para o preconceito é a informação. Portanto, leia a seguir 9 fatos sobre a tricotilomania que você deve conhecer.

1)      Os primeiros relatos sobre a doença é de 1889. O médio francês François Henri Hallpeau descreve uma paciente que puxava os cabelos. Ele, na época, utilizou o nome “tricotilomania” que, do grego, trico = cabelo e tillo = arrancar.

2)      Na psicologia, ainda não há certeza dos motivos que leva uma pessoa a sofrer de tricotilomania. No entanto, os especialistas acreditam que a doença possa ser de origem biológica e/ou genética, transtorno de ansiedade, estresse, depressão ou situações traumáticas.

3)      A doença afeta cerca de 3% da população. Destes, muitos sofrem em silêncio, pois ficam com medo do preconceito ou sentem vergonha de falar sobre a doença.

4)      A doença pode atingir qualquer pessoa, independente de gênero. No entanto, estimativas apontam que as mulheres são as que mais sofrem de tricotilomania. De 10 casos, cerca de 9 são do sexo feminino.

5)      Geralmente, quem sofre de tricotilomania costuma arrancar um fio de cada vez. Porém, é comum que surjam falhas no couro cabeludo devido a frequência em que este ato é feito, o que pode ser questão de semanas ou anos.

6)      A doença faz com que a pessoa use chapéus, lenços, bonés, perucas, cílios postiços e maquiagem para disfarçar as falhas no cabelo, sobrancelhas ou cílios.

7)      A tricotilomania costuma se manifestar na adolescência, entre 11 e 13 anos. No entanto, há quem apresente os primeiros sintomas na infância ou na vida adulta.

8)      Alguns, além de puxarem, também comem os cabelos, tornando-se um perigo para a saúde.

9)      Através de tratamento, quem sofre de tricotilomania aprende a identificar as situações que despertam a sua compulsão e, com isso, mudar seus hábitos.

Se você sofre de tricotilomania, procure ajuda profissional!

TRICOTILOFAGIA

Algumas pessoas também comem o cabelo arrancado, o que é chamado de tricotilofagia, sendo este estado muito mais grave, podendo causar perda de apetite, vômito, náusea, dores abdominais, acúmulo de cabelos no estômago, podendo causar sangramento interno e até bloqueio gastrointestinal, levando alguns pacientes para intervenção cirúrgica para a retirada do material do estômago e intestinos.

Por se tratar de um impulso compulsivo, as pessoas que sofrem deste mal têm consciência deste comportamento porém não conseguem resistir ao impulso.

Este comportamento pode ter início ainda na infância ou adolescência e durar por toda a vida, levando-as a uma calvície precoce.

Quando a perda de cabelo fica visível e difícil de esconder, os indivíduos podem se isolar socialmente e agravar sua baixa autoestima, causando depressão e piorando o quadro de ansiedade. Quando este paciente recebem críticas sobre sua aparência pode gerar um agravamento dos sintomas

Entre as causas, as mais comuns são a depressão nervosa, o transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de ansiedade generalizada. tudo isto pode estar associado a baixa autoestima, impulsividade e insegurança.

Também existe uma tendência genética relacionada a serotonina (hormônio do bem estar). Lembro que, cientistas descobriram que a serotonina é excretado em sua maior parte pelo intestino e não pelo cérebro, como se acreditava antigamente (leia o artigo no blog: Intestino é o nosso segundo cérebro).

fonte:

http://brasilescola.uol.com.br/psicologia/tricotilomania.htm
Juliana Spinelli Ferrari
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em psicologia pela UNESP – Universidade Estadual Paulista